Doença caracterizada pela presença do endométrio (tecido que reveste o interior do útero) fora da cavidade uterina, podendo comprometer diversos locais, entre eles ovários, peritônio, ligamentos uterossacros, região retrocervical, septo retovaginal, retossigmoide, íleo terminal, apêndice, bexiga e ureteres.
A doença afeta cerca de seis milhões de brasileiras. De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose, entre 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva são acometidas. Em pacientes com dor pélvica ou infertilidade, a presença da doença alcança índices de 50% a 60% das mulheres.
Ainda hoje, 65% das mulheres com endometriose são inicialmente diagnosticadas com outra doença, e 46% delas precisam passar por cinco ou mais médicos até chegarem o diagnóstico correto, o que resulta em atraso médio de oito anos entre o início dos sintomas e o diagnóstico de endometriose, tardando o início do tratamento.
Clínico
O objetivo do tratamento clínico é promover alivio da dor provocada pela endometriose, além de tentar prevenir ou retardar a progressão da doença. Devido à sua característica de doença crônica, faz-se necessário tratamento de longa duração para obter controle dos sintomas e evitar múltiplas cirurgias. Há dificuldade na uniformização do tratamento e, portanto, este deverá ser individualizado de acordo com os sintomas referidos, o desejo ou não de engravidar e a tolerância aos efeitos adversos apresentados pelas opções medicamentosas. As medicações devem ser mantidas enquanto a paciente apresentar melhora dos sintomas e não manifestar desejo de engravidar. As pacientes que não melhoram clinicamente após 6 a 12 meses de tratamento com remédio devem ser submetidas a videolaparoscopia para retirada cirúrgica completa dos focos da doença. Além das drogas analgésicas para o alívio da dor pélvica, o tratamento clínico da endometriose é realizado com medicações hormonais.
Cirúrgico
A cirurgia é indicada para as pacientes que apresentam dor e não melhoram com tratamento hormonal, ou para aquelas com quadros avançados, ou seja, cistos de ovário volumosos, suspeita de endometriose no apêndice (por ser um diferencial de tumor carcinoide
desta localização), íleo (pelo risco de oclusão intestinal) e lesões do retossigmoide (que provoquem risco de obstrução intestinal) ou em ureter (pelo risco de exclusão renal).
Na indicação cirúrgica, objetiva-se a remoção completa de todos os focos de endometriose em uma única cirurgia, a fim de se evitar múltiplos procedimentos, proporcionar melhora do padrão
álgico, da qualidade de vida e dos índices de fertilidade.
Complementar
A endometriose é uma doença complexa que necessita de tratamento multidisciplinar. Atualmente, a utilização de terapias complementares pode ser muito útil:
• Prática de exercícios físicos: é benéfica para a saúde de um modo geral, além da liberação de endorfinas que pode ser benéfica para o alivio da dor.
• Fisioterapia e acupuntura:
são úteis tanto no alivio da dor, quando na correção de posturas viciosas.
• Psicologia: tanto a dor quanto a infertilidade podem ser bastante desgastante para as mulheres, principalmente
em quadros clínicos prolongados.
• Nutrição: A ingesta de fibras pode aumentar a excreção de estrogênio e poderia, desta forma, desempenhar um papel inverso no risco de endometriose,
assim como a redução na ingesta de gorduras também poderia diminuir os níveis séricos de estrogênio. Dietas vegetarianas poderiam, supostamente, aumentar os níveis séricos de ligantes e proteínas
carreadoras de hormônios sexuais, diminuindo, desta forma, a concentração disponível de estrogênio.